Ou de como o Pai Natal ganhou ao Menino Jesus.
O Natal, foi durante muitos anos uma festa da família, num sentido muito alargado, mas quase aceite por todos, a festa da Sagrada Família de Nazaré ou Belém.
Cada família, revia-se pelo menos em momentos mais próximos da infância, com a tal família de Nazaré. Os avós nutriam pelos netos um carinho ainda maior nesta altura do ano; os pais, pelo menos os mais jovens, transportavam para os filhos algum daquele sentir da época natalícia.
Aos poucos, fomos substituindo o Natal, que era na sua essência uma festa da família e uma festa religiosa, num cada dia mais despido acto de consumo: incluímos aqui uma troca de presentes cada dia mais ausentes, sms, emails, chamadas a preços reduzidos entre clientes da mesma operadora… e coisas assim.
O Natal para a maioria dos miúdos, foi na minha geração o Natal do Sapatinho e do Menino Jesus; transformou-se agora no Natal do pai Natal, esse senhor que entra pelas casas pela chaminé e um mãos largas nos enche as casas de presentes.
Aqui, na imensidão de presentes, ganhou o Pai Natal o “campeonato” ao Menino Jesus. É que no tempo do menino Jesus, praticamente só as crianças tinham prendas, sendo que muitas vezes só uma; agora todos têm, e aos montes, de tal modo desordenados que é ver pelos caixotes do lixo a quantidade de embalagens.
Essa figura vermelha, como que inventada pela coca cola, veio salvar aqueles que já tinham algum pudor em acreditar na possibilidade de um “Menino” ser o salvador, o MESSIAS. É no entanto mais fácil acreditar que o Pai Natal, viaja de longe, sabe mais ou menos o que nós queremos, e espante-se voa tal qual um super herói com as suas renas amaestradas.
Sente-se agora que as pessoas vivem muito mais libertas desses valores judaico-cristãos que os obrigavam a acreditar em coisas estranhas, e que finalmente esse senhor de ar bonacheirão, veio preencher o angustiante vazio.
É muito mais simples, qualquer um de nós vestir uma indumentária de Pai Natal (baratuchas que são), e entrar na sala e desatar a entregar prendas. Como faria o Menino Jesus?
É muito mais simples, nas escolas desenharmos um Pai Natal, pois qualquer vestimenta Vermelha com barbas e saco é um Pai Natal… já desenhar um menino no presépio, não é pra qualquer um.
Uma coisa é certa: as prendas do Menino Jesus, eram abertas com muito mais respeito, apesar de simples, que hoje as do Pai Natal, mesmo sofisticadas. No tempo do Menino Jesus, os miúdos não desprezavam as prendas, mesmo sendo uma ou no máximo duas.
Como será a vida das crianças espanholas, para quem nem é o Pai Natal nem o Menino Jesus que traz as prendas, mas sim os reis?
Bom ano 2011 para todos!
Ag da silva, Rádio Altitude, Crónica Diária, 28 Dezembro 2010
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