ÁGUAS DE POR PORTUGAL (GAGUÊS)
Aos leitores as minhas desculpas: o título deste texto nada tem que ver com a realidade, ou tendo a ver, será pura ficção.
Como alguns saberão, a luta pela água, saneamento e piso nas ruas foi também uma das lutas que fiz em nome do Jarmelo (por consequência seria a de todas as terras do Concelho da Guarda, por simpatia de todas as terras do Distrito – as que ainda não tivessem, e por ambição, as do país).
Com nomes mais estranhos, mais inteligíveis ou mais sensíveis, o país viu-se “invadido” por um ataque de higiene e condição de bem estar para as populações. Os mais espertos da política, apressaram-se a chamar filho ao bastardo e a assumir casamentos múltiplos mesmo em contra-natura.
Era vê-los em públicos palanques apregoar o inevitável: água e saneamento já! Solidários com as populações que durante décadas pouco mais que desprezaram. Ainda me lembro da resposta tipo, quando a pergunta versava o tema para as terras do Jarmelo. Ainda me lembro que cada vez que havia eleições (e houve muitas vezes, durante demasiados anos pós 25 de Abril), da tentação da promessa lá saía mais uma bujarda, que a cada ano que passava mais insultava aqueles que tiveram que buscar por meios próprios um bem escasso e muitas vezes longínquo.
O povo deve andar tresloucado! Então agora que finalmente lhes vão pôr a água e o saneamento, fazem perguntas tão embaraçosas como se não quisessem lá esses bens por que tanto ansiaram?
Uma ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) poderá custar 200, 300 ou até mais (em milhares de euros), para uma população residente próxima aos 500 habitantes; somando a este facto que os sistemas “adutores” em “alta” em “baixa” e outros vocábulos que aqui poderíamos misturar (com alguma impropriedade de termos) custarão mais uns milhares, perto de milhões de euros.
Tudo isto traz os nossos avós, pais e vizinhos perturbados com o súbito interesse (pelo volume de negócio) que o resto do país está a sentir por alguns espaços do Portugal profundo!
Isto só para acalmar! de forma irresponsável, tenho tentado aliviar esta carga (que eles vão ler como uma dívida a algum político ou malabarista mais ou menos de trazer por casa), dizendo-lhes, que nem tudo se deve a quem anda a colher os louros, nem tudo se deve ao respeito (quase nada se deve ao respeito) que a sociedade tem por eles; mas que muito se deve ao que se deve.
Acho que os deixei um bocado mais baralhados.
Ag da silva (in Terras da Beira, 3 Jan 2011)
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