Quem gosta do “NOVO PACOTE” de Sócrates?
Lendo as coisas como talvez elas não são, pergunte-se: chegará a ser este novo pacote (PEC), uma medida do Partido Socialista? Talvez do Governo Socialista? Ou será ao menos uma parceria do Primeiro Ministro, do Ministro das Finanças e de Santos Silva?
José Maria Carrilho, que sabemos, não morre de amores por Sócrates, afirma mesmo que enquanto o Presidente da República fazia o tal “nefasto e sectarista” discurso à Nação, os acima mencionados, “trabalhavam” como que clandestinamente no tal documento.
Passos Coelho, acolheu o anterior pacote de Sócrates, engolindo em seco para não ser dali a causa da instabilidade. Em nome dessa estabilidade, ou o seu contrário (que há muito boa gente que é mesmo em nome do seu contrário) se não aprovar este novo PEC, será considerado “DESERTOR” – cabe aqui notar a precisão da linguagem, na sua propriedade de termos, pois o referido ministro é nem mais nem menos o da Defesa, e que gosta de malhar na oposição.
Quando tantos sinais nos chegam de todo o mundo, em que o poder é exercido por um só homem sem ouvir os seus súbditos (neste caso até os seus superiores), como é que ocorreu ao nosso Primeiro a peregrina ideia de “salvar” o país sozinho?
“Orgulhosamente sós”, parece que era a máxima de Salazar. Não tarda muito e teremos na rua Jerónimo de Sousa a recuperar máximas do “quero posso e mando”. Ao menos uma palavrinha ao seu próprio partido; ao menos uma palavrinha ao Parlamento; ao menos uma palavrinha ao parceiro do actual PEC, ao menos uma palavrinha ao Presidente da República… vá lá, ao menos uma palavrinha aos portugueses.
Não falamos aqui da falta de saber estar, de cultura democrática, desprezo ou outras que se diz, que possam ter estado na origem de tal atitude. Não acreditamos que a omissão ao Presidente da República se fique a dever ao tal tenebroso/funesto/irrealista/descabido/sectarista e tudo, discurso da tomada de posse.
Ao parlamento, nada terá dito, com receio de se vir a arrepender no caminho para Bruxelas? (acontece com frequência, que quando estamos convencidos de uma coisa, da qual só nós estamos convencidos, nada dizemos até ao facto consumado – quem nunca fez uma compra assim? Desastrosa? Talvez, mas ao menos fui eu sozinho!).
Ao parceiro que suporta com ele o actual PEC, nada terá dito, para o poupar a mais um “compromisso” comprometedor… (afinal sempre há homens que não arrastam para o lodo quem os ajuda).
E à Geração Rasca/À rasca? se há cerca de dez anos os jovens baixaram as calças na direcção do Ministro da Educação, não era caso para Sócrates lhes responder agora mostrando outro PACOTE!
Agostinho da Silva, in Terras da Beira, 17 de Março 2011
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