Tuesday, February 24, 2009

In memoriam

IN MEMÓRIAM
Ontem, noite fria, deu-se a já anunciada morte do galo do entrudo.Ontem, procedeu-se ao seu julgamento, na praça pública. Conforme vinhasendo preparado, aconteceu. Morreu de morte queimada.
O povo em algazarra, reuniu-se com um único intuito: comer a canja dogalináceo. A organização serviu-se das associações para criar umambiente algo hostil e quiçá influenciando/balanceando a populaça parao desfecho final.
Uns poucos resistentes, que fariam a defesa, reparámos queesbracejavam desalmadamente no cimo de uma "padiola" de fardos depalha, na iludia tentativa de apaziguar a fome de canja das gentes quede todas as ruas apareciam com ânsias de assistir ao terríficoespectáculo. Houve mesmo quem no final de um momento de desepero, alimesmo junto à Igreja da Misericórdia, fizesse o próprio:MISERICÓRDIA!! Não se sabe a certeza se gritou, se implorou aosconfrades da mesma que já partiram. Certo é que para espanto geral,num raro momento de flagelo purgante dos males que imputavam sobre oacusado, ali mesmo se atirou da referida "padiola em que iam astestemunhas de acusação e defesa. O que certas personagens fazem pelassuas causas!?Quando já todos pensavam que a defesa ia ali baquear, eis que da mortesai sempre vida e com trejeitos algo estranhos, devolve o "epíteto"que a acusação lhe atirara e qual renascido, faz-se novamente à causaaté à grande praça.
Podemos aqui afirmar que a organização tentou por todas as artimanhasinebriar as gentes, imagine-se! distribuindo vinhaça gratuitamente,como se fosse necessário: todos sabemos que nestes dias o povo é umaborracheira colectiva mesmo sem vinho.Pese embora a noite, dava para perceber nos olhares o brilho daansiedade por presenciar o horrendo ( as gentes querem sangue).
Já na praça, deu-se início às "funções". Pelo aspecto dos "meliantes", cedo se percebeu o que estaríamos ali a fazer. Em surdina, ia adefesa passando a mensagem de que o galináceo estava inocente. Ogrande trunfo da defesa, era a vacagalo, prima do dito, vinda doJarmelo. Lá do palanque da defesa, tentámos vislumbrar a falange deapoio, numa réstea de esperança que a mobilização consertada, viesse aresultar pela primeira vez no inédito: Julgamento e glorificação doGalo.Pelo que foi possível observar, a prima jarmelista vacagalo, foi maisuma vez estrategicamente relegada para segundos planos (mais uma vez,aqui foi visível qual a in tenção da "festa", dado que a defesaconsertara uma estratégia "limpa", sem qualquer atropelo ao segredo dejustiça, mas tão só assente em verdades e inevitáveis momentos devisibilidade, como aliás ao que parece, sempre foram os métodos detrabalho do estratega, que "maquiavelizou" o plano).Quando, ao que foi possível apurar, esta falange de apoio, compostapor mais de duas dezenas de convictos "fieis" (soberbamentecaracterizados, com indeléveis marcas de personalidade na cabeça) seaproximavam, foram literalmente abafados e estrategicamente colocadosna sombra numa analogia que passo a descrever: O meritíssimo Juiz,estava sentado num plano central, sobre o qual era natural queincidissem fortes projectores de luz (sabe-se da física, que quantomais potente for o foco, mais acentuada torna a sua sombra. Ora estefoi o lugar que "por acaso" tocou àquela que durante duas semanas sepreparara para dar visibilidade à inocência de seu primo da Guarda). Aluz que deveria pois trazer clarividência, serviu pois para colocar emdesvantagem toda a estratégia visual da defesa.
Quando do outro lado da praça, passaram a voz à acusação, logo se deuconta que se tratava de um ilustre ( a julgar pelos penachos que luzianos ombros) jurista da capital. Logo que tomou a palavra, se começarama ouvir em surdina, que receberia mais este por duas palavras, quealgum dia nos poderia chegar a todos de algum presunto FREEAIRPORT ,mas retirando estas "tiradas" só permitidas em ajuntamentos nocturnose dias como este de desvarios, cedo se percebeu que a acusação tinhaa situação controlada, nomeadamente até pela, suposta, postura (maisuma vez acentuada pelas gentes anónimas) do Meritíssimo Juiz, com umacerta inclinação visual prá esquerda.
Acareações e arrazoados (nada de confundir com arroz de cabidela),infâmias e campanhas negras, tudo espremido, estaria pronta asentença, mas num gesto "Ponçopilateano", o meritíssimo Juiz, quissaber da "verdade" da populaça. Para surpresa, a reacção foi de VIVA OGALO, durante três vezes (fruto da surdina que a defesa conseguiufazer passar, quer durante a semana, quer no próprio momento).Ao meritíssimo, não restava outra alternativa, senão... cumprir oguião: MORTE AO GALO!Concedeu-se, ainda assim, um último desejo, ao infortunado. Eis quepara surpresa geral, o galináceo, pediu o impensável: que numa terrade gente ilustrada e punhos nas camisas, fosse-lhe permitido ouvir a"contra-argumentação", pela voz dessa grande representante da chamada"esquerda plebeia": ODETE SANTOS.
Percebemos das suas palavras que afinal o veredicto popular estavacerto: o Galo, não era afinal o causador, mas tão só o bodeexpiatório.
Seguiu-se a expiação, pela imolação de um fogo purificador,dispensando ao acusado esse ritual da reconciliação.
A populaça, que antes defendera o galo, corre agora, em atropelo emprol da canja que acabara de se fazer, a memória é curta e ooportunismo caracteriza-nos.Quando todos pensavam que iria haver caldeirada, nem sequer arroz decabidela tivemos, quando todos gritaram vida ao galo, veio a canja.
Mais uma vez, aqui enquanto familiar infortunado, a prima do Jarmelo,reafirma, que ele nunca recebeu luvas a não ser por causa da neve,recebeu sim uns cachecóis... mas que mal tem isso? O cachecol, atéajuda a manter a cabeça erguida, e pode dar-nos aquela postura deesquerda chique, nuns, e noutros, sim de grosseiros sujeitos esujeitas.
Agostinho da Silva, no dia seguinte (em representação da Vacagalo)

1 comment:

jarmelo said...

IN MEMORIAM
Yesterday, cold night, there was the already announced the death of the rooster "entrudo".Ontem, proceeded to his trial in the public square. As usual prepared, happened. Died of death by fire.